De A a Z para a Música na Educação

De A a Z para a Música na Educação... por Tiago Pereira

Tiago Pereira

Tiago Pereira

Realizador, documentarista, radialista e visualista, tem promovido e divulgado a música portuguesa, como mentor e diretor do projeto: "A música portuguesa a gostar dela própria", em várias direções, tornando-se um ativista, defensor da memória coletiva e tradição oral, realizando filmes, séries documentais, programas de rádio, programação musical e de eventos sobre o tema da cultura popular. Estendendo-se ao artesanato e à gastronomia.

http://amusicaportuguesaagostardelapropria.org/


Clique no seguinte link para ler este A a Z:

A

de Alto.

Não há cante Alentejano sem ele, depois do ponto, vem o Alto e depois o coro. A polifonia do sul de Portugal não é nada sem o Alto.

B

de Bailes de roda.

Fazia parte dos antigos serões, existem poucas pessoas que tenham trabalhado no campo na segunda metade do século XX que não se lembrem deles, frequentemente costumo juntar pessoas numa roda para cantarem e dançarem e está o baile armado.

C

de Ciganos.

A música cigana, com muitas raízes do flamenco e não só, é todo um mundo a descobrir. Onde é permeável, que influências tem e por aí fora.

D

de Danças tradicionais.

Dos vários levantamentos dos cancioneiros e do trabalho de recolhas, raramente se tratou a questão das danças, por isso de certa forma, ficou a faltar o mapa coreológico português.

E

de Ecologia de saberes.

Aprender o virtuosismo, o instrumento e a partitura e depois a intenção afectiva. A academia e sabedoria popular complementam-se.

F

de Filarmónicas.

Tal como os Ranchos Folclóricos, são muitas vezes, em muitas localidades de norte a sul do país, o contacto e a única forma de aprender música que muitas crianças têm. Para além disso são também o meio mais eficiente de se sair da aldeia e de passear, primeiro à volta, e depois pelo país e pelo mundo. São uma grande demonstração da música como conciliador social.

G

de Genebres.

Esse instrumento estranho, espécie de xilofone, com uma série de paus redondos maciços, de tamanhos crescentes de cima para baixo, enfiados numa tira de couro formando um colar, que acompanha as danças dos homens na Lousa, Castelo Branco.

H

de Harpa de vento.

Basta pôr uma harpa no meio do campo e ouvir toda a sua música natural, sem que ninguém a toque, uma paisagem sonora de sonho, uma harpa ao vento.

I

de Ilustres desconhecidos.

Na forma com vejo a música não existem hierarquias, nem música amadora e profissional, só música, no seu sentido primordial, para aquele que a pratica. Nesta forma de ver, existem muitas pessoas que passam uma vida sem que ninguém as conheça e que são verdadeiros génios e bibliotecas musicais.

J

de Jordões.

Os pequenos presépios que a população de Pias ainda faz em algumas casas e instituições, no dia de São João, onde depois os grupos corais, vão cantar ao Batista, indo de Jordão em Jordão. No fim destas pequenas peregrinação cantadas, há ainda lugar para o cante espontâneo.

K

de Keyboard ou teclado.

Ainda hoje costumo fazer instalações audiovisuais sobre Portugal onde coloco um vídeo pequeno em cada tecla de várias regiões do país e com sonoridades diversas e convido o público, ou muitas vezes as crianças, a percorrer o teclado criando um objecto audiovisual improvisado, que é uma viagem ao pais.

L

de Luthier.

Que seria dos músicos sem eles. A relação dos músicos com os construtores é um diálogo fundamental para que o músico tenha o instrumento adequado às suas necessidades e o construtor possa aprender e desenvolver um instrumento, cada vez mais pessoal e único.

M

de Manuel Jeremias.

Um tocador de viola Amarantina, cantador de chulas de Amarante, que morreu em 2015. Ter chegado a ele e ter tido a hipótese de o gravar, foi das coisas mais marcantes da minha vida, a sua humanidade e humildade eram únicas. Da primeira vez que fui a casa dele, contou-me que o vinho do porto dava muita cultura, que os cantadores ao desafio estavam sempre a beber vinho do Porto, porque dava muita cultura e memória.

N

de Nagragadas.

As famosas Moças Nagragadas, um grupo de mulheres no Algarve que dizem trava línguas muito depressa e mais, têm a particularidade de uma ser de Paderne e outra de Boliqueime, e mostram a diferença do mesmo trava línguas, de terra para a terra, mostrando como as diferenças na tradição oral, podem ser tão profundas em tão pouca distância, cinco quilómetros.

O

de Oledo.

Essa aldeia de Idanha, onde existe um grupo de adufes, uma das mulheres do grupo contou-me como aprendeu a tocar. A mãe não tinha dinheiro para lhe comprar um adufe, ela então aprendeu primeiro num prato de esmalte e depois na barriga. É esta persistência que eu admiro em muitas pessoas que conheço, querem uma coisa e não desistem, mesmo contra tudo e contra todos. Aprender um instrumento também é muito assim, contaram-me um dia, que para aprender castanholas, tocavam sempre nelas, mesmo quando guiavam.

P

de Percussão.

Em Portugal os ritmos são muitos e os instrumentos também e mudam de novo conforme os contextos culturais e isso é muito interessante. Vejamos o caso do Adufe, que se chama Adufe na Beira Baixa e em Trás os Montes, o mesmo instrumento, ainda que muitas vezes de formas diferentes, chama-se pandeiro.

Q

de Quando.

Ou para quando vamos ter, em cada conservatório musical, um instrumento da mesma região como opção de aprendizagem. Campaniça em Beja, Beiroa em Castelo Branco, Amarantina em Amarante, Braguesa em Braga, Viola da Terra em Ponta Delgada. Para quando?

R

de Ruptura.

A certa altura tem de haver uma. A música é claramente por todos e todos podem fazer e fazem música, mas hoje em dia, ninguém canta na rua, ninguém canta sem hora marcada. Há 50/ 60 anos era o mais comum, encontrar alguém a cantar. Hoje canta-se nos concursos televisivos, com maquilhagem, afinado e em cima de um palco. A determinada altura vai ter de haver uma ruptura, porque o cantar, também tem de ser, porque sim, sem julgamento, hoje quem canta na rua, ou está bêbado ou é maluco.

S

de Sarronca.

Essa provável parente da Cuica, que se toca friccionando um pau, que está preso numa pele. Antigamente era tocado por homens na Taberna, cuspindo nas mãos. As mulheres da Zebreira, Idanha, decidiram também tocá-lo, utilizando para isso, uma esponja que molham antecipadamente.

T

de Tuna rural.

Grupos instrumentais populares de incidência rural, apareceram como um extraordinário fenómeno no final do séc. XIX e expandiram-se, por todo o país, na primeira década do séc. XX, como resposta ‘direta’ às Tunas Académicas. Na região do Marão e Alvão desenvolveram-se de forma muito particular. Em cada aldeia ou lugar havia uma, às vezes mais que uma, que com as outras rivalizava, numa concorrência feita de prestígio como de inveja, com ajustes de contas quase sempre musicais.

U

de União.

A que falta muitas vezes, a união de saberes, de contactos, de partilhas, de estares. Essa união na música é fundamental, para que se conheça mais o país musical e a diversidade gigante que existe.

V

de Valsa Mandada.

Essa famosa prática da Serra de Grândola, onde os bailadores também mandam, esta valsa muito dançada dos anos 50 aos anos 80, está a perder-se, ainda se podendo encontrar alguns bailadores na região de Melides. Caracteriza-se das outras valsas por ter um quarto de tempo a mais.

X

de Xotiça.

São tantas as danças palacianas que por cá chegaram com as invasões francesas e que por cá ficaram populares.

Z

de Zamburra.

Ronca, farronca, bibo, os outros nomes que a farronca pode tomar.

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A Associação Portuguesa de Educação Musical, APEM, é uma associação de caráter cultural e profissional, sem fins lucrativos e com estatuto de utilidade pública, que tem por objetivo o desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação musical, quer como parte integrante da formação humana e da vida social, quer como uma componente essencial na formação musical especializada.

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Cantar Mais – Mundos com voz é um projeto da Associação Portuguesa de Educação Musical (APEM) que assenta na disponibilização de um repertório diversificado de canções (tradicionais portuguesas, de música antiga, de países de língua oficial portuguesa, de autor, do mundo, fado, cante e teatro musical/ciclo de canções) com arranjos e orquestrações originais apoiadas por recursos pedagógicos multimédia e tutoriais de formação.

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